sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Falta de higiene fecha 607 restaurantes em São Paulo


Flagrados por apresentarem condições precárias de higiene, 607 restaurantes, lanchonetes e mercados, entre outros estabelecimentos, foram interditados pela Vigilância Sanitária da cidade de São Paulo no ano passado. O número é 20% maior do que em 2010, quando ocorreram 505 fechamentos temporários. Os agentes sanitários chegaram a esses locais após denúncias da população e inspeções de rotina.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), as interdições ocorrem quando são identificados problemas como alimentos com a validade vencida ou estocados em locais sem ventilação ou refrigeração adequada ou ainda infestados de insetos, principalmente baratas e moscas.
A multa ao estabelecimento vai de R$ 100 a R$ 50 mil, dependendo da infração. Em casos de interdição, a reabertura só é permitida após a situação ser regularizada. A SMS não soube informar o motivo do aumento, mas afirma que um local pode ter sido alvo de mais de uma blitz. 
A Vigilância Sanitária atua, muitas vezes, em conjunto com o Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), que prende em flagrante quem estiver vendendo comida estragada e sem origem de fabricação. No último dia 7, mesmo sem apresentar falhas de limpeza, o restaurante Ritz, na Alameda Franca, Jardins, foi acusado pelo DPPC de armazenar comida com prazo de validade vencido. Foram recolhidos 280 quilos de peças como queijos, pancettas e leite de cabra impróprios para consumo. Um gerente foi preso. Procurada pelo JT, a assessoria do restaurante não respondeu. 
A professora Avany Bon, coordenadora da Faculdade de Nutrição da Universidade Anhembi Morumbi, alerta que alimentos vencidos ou armazenados de forma imprópria podem provocar infecção e intoxicação alimentar, causando diarreia e vômito. Em casos graves, podem levar à morte por desidratação. “Um alimento vencido ou que foi malconservado pode conter um número maior de micro-organismos, bactérias, vírus, ou fungos, que podem causar um distúrbio gastrointestinal.” 
O delegado Marcelo Jacobucci, titular da 1ª Delegacia de Saúde Pública do DPPC, diz que o que mais se apreende são queijos estragados. E, segundo ele, foi detectado que quem mais guarda comida estragada são mercados, padarias e restaurantes. “Só no ano passado foram 110 toneladas de comidas assim”, lembra Jacobucci.
Visite a cozinha - Especialistas orientam que é preciso atenção na hora de escolher onde comer. O comerciante Jesus Américo Gouveia, de 58 anos, nunca visitou a cozinha de um restaurante. “Normalmente, quando como fora é porque estou com pressa”, diz ele. A supervisora de vendas Thamires Kraut, de 20 anos, que comia num restaurante árabe na Avenida Paulista na tarde de ontem, também nunca visitou a cozinha de um estabelecimento. “Quando dá, olho pela janela na porta da cozinha e vejo se o pessoal está usando touca.”
O diretor executivo da Associação Nacional de Restaurantes (ANR), Alberto Lyra, diz que, como em vários outros setores da economia, muitos estabelecimentos abrem as portas sem formalidade, estrutura técnica, ou funcionários preparados. “Daí a ser interditado é questão de tempo.” Lyra ressalta que a entidade mantém um Programa de Qualificação Profissional, que dá orientações sobre normas que os restaurantes devem seguir.
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) diz que na Grande São Paulo há 55 mil estabelecimentos ligados à gastronomia. Informações; O Estadão

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