Com a popularização das viagens aéreas, o aperto na classe econômica tem crescido em voos nacionais e internacionais. O problema tende a se agravar e, a partir do ano que vem, os passageiros poderão notar uma nova etiqueta colada nos aviões.
O adesivo é uma promessa da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), que quer classificar as aeronaves em relação ao "seat pitch" -espaço entre as poltronas.
A ideia é que o passageiro possa escolher entre pagar menos por um voo mais apertado ou pagar mais para ter algum conforto.
Segundo as informações das companhias repassadas à Anac, todos os aviões se encaixariam na categoria A, a melhor, em que a distância entre as poltronas é igual ou maior que 76 cm.
CONFORTO REPROVADO
Numa pesquisa realizada pela UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), os passageiros deram nota nove --numa escala de zero a dez, em que dez é a pior nota- para o pouco espaço para movimentar o corpo.
"Percebemos que as restrições das poltronas são as maiores responsáveis pelas dificuldades dos passageiros que querem descansar", diz Nilton Luiz Menegon, coordenador da pesquisa.
Para ele, uma mudança que diminuiria o desconforto dos passageiros incluiria converter as fileiras triplas em duplas, mesmo que se tenha de pagar mais por isso.
Cético com relação ao selo, Menegon diz que a Anac deveria ter levado em conta outros pontos ao determinar categorias. "Essa medida pressupõe uma postura sentada estática e completamente apoiada no encosto", diz. "Mas a tendência é a do passageiro se movimentar."
LUGARES E LUGARES
Mesmo na classe econômica, há lugares melhores. Nas poltronas do corredor, o passageiro pode esticar as pernas na passagem.
É por isso que a jogadora de basquete Nádia Colhado, 21, que mede 1,94 m, sempre dá preferência ao corredor. "Dá para esticar uma perna."
Para Murillo de Oliveira Villela, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Aeroespacial, poder esticar os membros inferiores não é a única vantagem: "Quem se senta no corredor se levanta sem incomodar ninguém".
Villela lembra que algumas pessoas ficam sem jeito de pedir para passar quando estão na janela, e que é importante se levantar para o sangue circular melhor.
Outra posição bastante disputada é a dos assentos que ficam na primeira fileira e os logo atrás das saídas de emergência, que têm mais espaço na frente. Os que ficam antes da saída de emergência têm mais espaço para as pernas, mas a reclinação é limitada ou inexistente.
E, exatamente por serem mais procurados, as companhias aéreas passaram a cobrar uma taxa de quem quiser se sentar neles.
Há cerca de três meses, a TAM começou a cobrar, como projeto piloto, uma taxa de R$ 10 a R$ 40 de quem voar em trechos nacionais nos assentos próximos às saídas de emergência ou na primeira fileira. Nos voos internacionais, a taxa é de US$ 50.
Na Air France e na KLM, é cobrada uma taxa extra entre 20 e 70 -dependendo da duração do voo. A Azul cobra R$ 20 por trecho para quem quiser ficar no "espaço azul", que tem até 86 cm entre as poltronas -nas demais, a distância é de 79 cm.
NO CHECK-IN
O site SeatGuru (guru do assento, em tradução livre; www.seatguru.com) ajuda a encontrar o melhor lugar de cada avião. Lançado em 2001, tem mais de 700 plantas do interior dos jatos de cerca de cem companhias.
Basta informar o número do voo ou a rota que o sistema mostra a planta da aeronave com a disposição das poltronas. São informados os assentos com mais espaço e os mais problemáticos, como os que não possuem inclinação ou que têm largura reduzida. Evite-os!
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário